Links e Documentos

Nesta página estão catalogados alguns links com documentos e recursos para a agricultura orgânica. Ainda não estão agrupados. Aceitamos sugestões para seu aprimoramento.

REPORTANDO SOBRE O QUÍMICO DE FAZENDA MAIS CONTROVERSO DO MUNDO|Novo livro da jornalista veterana Carey gillam joga luz na batalha contra o glyphosato, o mais controverso herbicida da nação.

Prefira Orgânicos | Hotsite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento específico para questões sobre sistemas orgânicos. Serve de apoio para a CNPOrg e CPOrg’s/UF.


Site da Rede de Sustentabilidade/Consagro: Construção de conhecimento para avaliação de sustentabilidade. Site muito bom com notícias de Santa Catarina e vários outros recursos acadêmicos e de pesquisa em agroecologia, agricultura familiar e orgânicos.


The World of Organic Agriculture 2011 – Estatísticas, tendências emergentes e recentes desenvolvimentos para a agricultura orgânica global. Publicado pela FiBL e IFOAM (links abaixo). (A edição completa é paga, mas para os anos anteriores (2000 até 2010) está liberada).


FiBL | Research Institute for Organic Agriculture Centro de pesquisa em agriculture orgânica com bases na Suiça, Austria e Alemanha, dedicados à consultoria e a estatísticas globais sobre AO.


IFOAM | International Federation of Organic Agriculture Movements O IFOAM atua como facilitador mundial dos movimentos da agricultura orgânica.


JOS | Journal of Organic Systems – Artigos, recursos e links sobre sistemas orgânicos na Australasia, e regiões do pacífico.


Organic Europe Mantido pela FiBL, contém uma base de endereços relativos a orgânicos na Europa, entre outras.


Organic Agriculture Information Access é um coleção de publicações históricas do USDA (United States Department of Agriculture) relacionadas a agricultura orgânica. Nesta coleção existe quase 200 documentos publicados antes de 1942 (antes de os quimicos e sintéticos tornarem-se largamente usados) que contém informações sobre o estado da arte da AO que ainda são muito pertinentes na agricultura atual.


OCA | Organic Consumers Association Organização não lucrativa que zela pelos padrões dos produtos orgânicos.


AFSIC | Alternative Farming Systems Information Center Página mantida pela National Agriculture Library/NAL do Unites States Departament of Agriculture/USDA com várias informações e recursos sobre produção orgãnica.


NAL | Sustanaible Agriculture: Definitions and Terms Outra página mantida pela National Agriculture Library/NAL que contém um glossário dos termos mais comuns relacionados com a agricultura sustentável. Boa fonte de conceitos e definições.


Documento: Cadeia Produtiva de Produtos Orgânicos Série Agronegócios, 2005. 110 páginas. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Esta publicação foi desenvolvida no âmbito da cooperação técnica promovida entre o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura no Brasil (IICA), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), por meio do Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/04/005 “Fortalecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o Planejamento Estratégico do Agronegócio”.


Organic Standards The Organic Standard é um jornal internacional mensal que possibilita indivíduos e organizações manterem-se atualizados sobre desenvolvimentos relativos a padrões mundiais e assuntos de certificação sobre orgânicos. Mantém um diretório de certificadores em todo o mundo. Também publica regularmente assuntos de interesse da AO. Muito bom.


Organic Eprints | Excelente repositório de publicações técnicas e científicas sobre a produção orgânica mundial. Mantido pelo ICROFS (International Centre for Research in Organic Food) e pelo FiBL (links na página) desde 2002. Contém muitas publicações sobre o Brasil.


ICROFS | International Centre for Research in Organic Food Localizado na Dinamarca. Boa fonte de recursos.


FAO | Página da FAO para a Agricultura Orgânica Excelente página com recursos, fontes e informações sobre a AO em todos os países.


Documento: Report submitted by the Special Rapporteur on the right to
food, Olivier De Schutter
Relatório Especial submetido para a Assembléia geral da ONU sobre o direito ao alimento e a importância da agroecologia para satisfazer a necessidade mundial de alimentos. Dez/2010. 21p


Plataforma Transgénicos Fora A Plataforma Transgénicos Fora defende uma agricultura sustentável orientada para a protecção da biodiversidade e do direito dos povos à soberania sobre o seu património genético comum. Site português muito bom e atualizado regularmente. Três documentos interessantes lá disponíveis, por exemplo, são Big Oil Goes Back College, Meals per Gallon. The impact of industrial biofuels on people and global hunger e Global Trade and Environmental Impact Study of the EU Biofuels Mandate .


Em Pratos Limpos Um site mantido pela ASP-TA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa), onde vc encontra informações sobre nutrição e saúde, agroecologia, alimentos e geopolítica, soberania alimentar, qualidade de vida, dicas de alimentação etc. Excelente ponto de partida para outros sites e blogs sobre estes temas.


Documento: Organic agriculture and the global food supply Renewable Agriculture and Food Systems: 22(2); 86–108. Accepted 9 June 2006 Research Paper. Um pouco do abstract: “The principal objections to the proposition that organic agriculture can contribute significantly to the global food supply are low yields and insufficient quantities of organically acceptable fertilizers. We evaluated the universality of both claims. For
the first claim, we compared yields of organic versus conventional or low-intensive food production for a global dataset of 293 examples and estimated the average yield ratio (organic : non-organic) of different food categories for the developed and the developing world…”


Artigo: Detecção de estruturas parasitárias em hortaliças comercializadas na cidade de Florianópolis, SC, Brasil. Resumo: Analisou-se a presença de formas transmissíveis de enteroparasitas em hortaliças consumidas cruas na cidade de Florianópolis,SC, no período de junho de 2003 a maio de 2004. Foram estudadas amostras alface (Lactuca sativa), agrião (Nasturtium officinale) e rúcula (Chicarium sp), num total de 750, provenientes do comércio (“sacolões”, supermercados e feiras livres). Tais amostras foram lavadas e submetidas ao método de sedimentação espontânea em água por 24 horas. Todas as variedades de hortaliças examinadas apresentaram elevados percentuais de contaminação, porém com maior freqüência no agrião. Observou-se uma grande variedade de protozoários, responsáveis pela transmissão elevada de enfermidades intestinais, na população da região metropolitana de Florianópolis. Ressalta-se a importância das hortaliças na transmissão de enfermidades intestinais, havendo conseqüentemente necessidade de medidas que propiciem uma melhoria na qualidade higiênico-sanitária destas.


Artigo: Agricultura Orgânica em Santa Catarina Instituto CEPA/SC, 2002. 55p.


Livro: A agricultura orgânica na região da Grande Florianópolis; indicadores de desenvolvimento. Florianópolis : Instituto Cepa/SC, 2004. 181p.


Via Orgânica Site muito bom, de São Paulo. Contém muitas dicas de livros, artigos e informações variadas sobre produção agroecológica e orgânica.


Texto: “Produção Orgânica, Agroecologia e Agricultura Familiar em Santa Catarina: a necessidade de priorizar políticas públicas“. 5p. (17/10/2011)

O texto ressalta a importância econômica da produção orgânica no estado de Santa Catarina (fragmento abaixo):

Santa Catarina (SC) possui cerca de 6,2 milhões de habitantes dos quais cerca de 16% vivem no meio rural (IBGE, 2010). Sua economia agrícola está baseada na pequena propriedade de agricultura familiar. Segundo o IBGE (2006), 88,4% das propriedades estão em extratos inferiores a 50 hectares e representam 40,6% da área. A agricultura familiar representa 87% dos estabelecimentos que ocupam 44% da área.…”

Link: Food Freedom : Decentralize, Grow Your Own, Buy Local. Muito bom site. About:

“This site is a non-commercial blog devoted to those articles that address food safety, food freedom–the right to choose your own food or farmer, and food sovereignty–the right of nations to determine food safety standards and appropriate ag technologies despite trade agreements.”

Artigo: Apoio a Consumidores de Produtos Agroecológicos na Região da Grande Florianópolis EXTENSIO – Revista Eletrônica de Extensão. Número 1, ano 2004 .

Produtos Fitossanitários com uso Aprovado para a Agricultura Orgânica Registrados – 14.10.2016

Manifesto da comida de verdade ou como como um ato político

 

1. Texto: “Produção Orgânica, Agroecologia e Agricultura Familiar em Santa Catarina: a necessidade de priorizar políticas públicas“. 5p. (17/10/2011).

O texto ressalta a importância econômica da produção orgânica no estado de Santa Catarina (fragmento abaixo):

Santa Catarina (SC) possui cerca de 6,2 milhões de habitantes dos quais cerca de 16% vivem no meio rural (IBGE, 2010).  Sua economia agrícola está baseada na pequena propriedade de agricultura familiar. Segundo o IBGE (2006), 88,4% das propriedades estão em extratos inferiores a 50 hectares e representam 40,6% da área. A agricultura familiar representa 87% dos estabelecimentos que ocupam 44% da área.…”

2. Texto: ” Manifesto da Comida Saudável “. 7p. (29/09/2016).

Este manifesto foi apresentado no “II Seminário Internacional sobre Segurança Alimentar e Nutricional- Cenário Atual”, promovido pelo SESC/ Mesa Brasil e UnB em 29 de setembro de 2016. Ele se apropria do valioso termo “Comida de Verdade” cunhado dentro do CONSEA e lema da “V Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: Comida de Verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”, realizada em 2015.

Recentemente, nós brasileiros, passamos por um doloroso processo de alfabetização política e aprendemos mais sobre essa esfera politica formal. O que é fazer política na esfera do voto, de escolhas, de reivindicações via parlamentares escolhidos – ou injustamente inseridos na arena do Estado – ficou mais claro ou pelo menos mais discutido. Também é comum reconhecer política ligada às ideias de narrativas como direita e esquerda. Essa é a plataforma política que conhecemos e com a qual estamos familiarizados.

Mas eu gostaria de falar aqui de outras plataformas e de outras formas de agir politicamente que ampliam para essa arena que, apesar do meu ateísmo político, não pode ser subestimada e deve continuar a ser incrementada/ revitalizada/ moralizada. Quero falar aqui de uma ação política colocada a serviço da humanidade e do planeta,uma forma de antropopolítica de Edgar Morin que rompe com as políticas formais que nos envergonham e não nos representam e que desconsideram o nosso direito às dimensões essenciais da vida: saúde, ambiente saudável, abrigo, alimento saudável, lazer e felicidade.

Quero falar de uma plataforma que nos libera dessa esfera anestesiante e nos fortalece como atores individuais e coletivos; como cidadãos, como consumidores de alimentos (no caso dessa fala), mas também de educação, de saúde, de lazer, ou do que quer que decidirmos consumir ou defender com outra forma de consciência.

O processo a que me refiro pode ser exemplificado com a Revolução Indiana contra a colonização inglesa nos anos 1940 quando os indianos, imbuídos por um sentimento nacionalista, resolveram fazer uma revolução pacífica e silenciosa sob a inspiração de Gandhi. Queimaram roupas e tecidos britânicos e buscaram a tecelagem manual; voltaram a produzir o sal a partir do seu oceano porque o sal processado tinha pesadas taxas impostas pelos britânicos; pararam de usar produtos britânicos e voltaram-se para a cultura e tradição locais; deflagrou-se, com esse boicote, pacificamente, a libertação da Índia como colônia inglesa.

Seguindo a filosofia da desobediência civil de Henry Thoreau, Gandhi começou a aperfeiçoar a arte e a prática da renúncia e do coletivismo, a desobediência de hábitos enraizados e a resistência ao consumo e ao caminho fácil. Sobre essa prática política que eu quero falar hoje aqui. Não em detrimento de nenhuma outra. Essa forma de se engajar em uma política emancipatória é explorada em vários autores contemporâneos deflagrados teoricamente no âmbito das Ciência Políticas e Sociais:

Além da antropolítica de Edgar Morin a que me referi acima, Ulrich Beck cunha o termo subpolítica que se propõe a modificar regras ‘de baixo para cima’. O discurso das micropolíticas dos filósofos franceses Gilles Deleuze e Felix Guattari (1996) desloca o poder para as mãos dos indivíduos, grupos e organizações. Ressalto também a ideia de pós-modernismo de oposição, em uma perspectiva pós-colonial e pós-imperial de Boaventura de Souza Santos. E também, as ações definidas por Anthony Giddens como política-vida que se referem a formas de ativismo através dos quais o âmbito pessoal e cotidiano torna-se político, como por exemplo, o ato de comer.

Tais teorias apontam atores individuais e coletivos que exercem influência e fomentam o fortalecimento da cidadania dentro de microestruturas decisórias e descentralizadas, essenciais para promover mudanças sociais. São atores externos às arenas formalmente designadas como políticas no entendimento do senso comum.

David Harvey fala numa palestra sobre movimentos sociais urbanos de grupos que procuram “uma relação não alienada com a natureza (…) outros apelam para ideias e coesões religiosas

para construir propostas alternativas (…) outros buscam novas maneiras de ser e de viver (…) novas formas de construir alianças e fazer politicas(…) novas estruturas de relações sociais que devem ser olhadas também pela esquerda que se apresenta como extremamente conservadora”. Esses atores vêm se organizando coletivamente em parques, centros e espaços urbanos ou rurais; reivindicam direitos de minorias, cuidado com o meio ambiente, resgate de práticas agrícolas e alimentares tradicionais e conhecimentos locais e ocultos; propõem trocas de afetos, habilidades e aptidões; ocupam espaços urbanos; constroem cozinhas, restaurantes comunitários, hortas urbanas; desconstroem estilos de vida consumistas; reaproveitam e reciclam bens; buscam terapias e práticas de cura naturais; organizam escolas cooperativas para educar crianças mais conscientes e centros de saúde mais humanizados; preocupam-se com os animais e com o planeta. Assim fazendo, buscam independência de um sistema com o qual não compactuam em vez de esperar pela revolução. Para Harvey, “é preciso pensar nessas ações e movimentos como um processo político mais amplo; um solo fértil para ação política”.

São inúmeros movimentos e teorias. Alguns ainda difusos e porosos em sua infância conceitual: a teoria do decrescimento; o desacelerar ou dowshifting; a economia solidária; o movimento da Agroecologia; a economia do suficiente; o movimento do “small is beautiful”; do “menos é mais”; a economia da plenitude; o freeganismo; o movimento de simplicidade voluntária; a filosofia slow discutida na pedagogia, na alimentação, na moda; o time banking que negocia tempo livre em vez de dinheiro; a cultura da dádiva que troca habilidades sem dinheiro envolvido; as ecovilas; os cultural creativers; o sea change sob a influência panteísta do zen budismo.

Voltando ao nosso manifesto: para considerar a alimentação como um ato politico, devemos pensar nela para além do voto em representantes que lutam por fazer a secularmente desqualificada divisão equitativa de terras agrárias no país. Em políticos que apoiam a agricultura familiar, a Agroecologia, a Segurança Alimentar e Nutricional e os programas sociais e ambientais duramente conquistados nos últimos anos. Devemos pensar na alimentação para além de um ato biológico, de manutenção da vida. Também para além de um ato hedonístico e de prazer – dimensão que deve ser ferrenhamente defendida frente a tantas restrições alimentares; diante de dietas punitivas que retiram alimentos saudáveis e tradicionais do seu contexto por desconsiderar questões culturais e ignorar processos agroindustriais que interferem na sua qualidade. Dietas que promovem culpa, segregação social e acabam por fortalecer endógenos e outro tipo de indústria alimentar, além de apoiar o Nutricionismo (a tendência da Nutrição em supervalorizar os nutrientes desconsiderando as variadas dimensões do ato de comer).

Para além dessas arenas, uma alimentação política implica um ato agrícola/ agropecuário porque inclui a produção de alimentos; um ato cultural porque carrega a noção de patrimônio alimentar; um ato ambiental porque é a partir de recursos da natureza que produzimos alimentos; e um ato social porque ainda são homens e mulheres que produzem nossa comida. Entramos assim no âmbito do que chamamos de “história por trás da comida”.

Para alimentação ser um ato de política-VIDA é preciso preocupar-se com a VIDA de quem produz essa comida – no caso do Brasil – indígenas, quilombolas, ribeirinhos, neoruralistas, agrofloresteiros, pescadores, campesinos e agricultores familiares que produzem comida e segurança alimentar e nutricional ao mesmo tempo. São esses atores que produzem 70% do que comemos com apenas 25% do orçamento destinado à agricultura nesse país. Quando compramos comida deles, ajudamos a manter o filho dos agricultores familiares na escola, o indígena e a agrofloresteira na floresta, o quilombola cuidando do rio, o pescador protegendo o mar… Assim eles não precisam migrar para a sofrida arena de desemprego e encarar as mazelas sociais nas franjas das grandes cidades.

Para alimentação ser um ato político, precisamos aprender a ser locavores, a comprar comida local. Devemos procurar alimentos que são cultivados perto da nossa casa, evitando quilômetros de energia a base de petróleo implicados na sua produção. Ao apoiar o locavorismo, o dinheiro investido reverte para o desenvolvimento local, rural e urbano. Seguindo a fala do Presidente Obama “Americans, buy American”, podemos chamar: “brasileiros, comprem comida e produtos do Brasil – e mais, do Brasil que está perto de você”!

Para alimentação ser um ato político, é necessário compreender que ao comprar, e consequentemente, apoiar quem produz comida local, somos nós, o povo brasileiro, que passamos a ganhar. Ganhamos independência e soberania alimentar; passamos a ser donos de nossas sementes e florestas; de nossa própria água e nossas ervas medicinais; nossa flora e nossa fauna. Isso não tem preço, é de valor incomensurável.

Para alimentação ser um ato politico, passou da hora de nos preocuparmos muito sobre as repercussões do Sistema Agroalimentar Moderno, o maior responsável pelos impactos ambientais (se considerarmos que ele acolhe a indústria alimentar). Então, para a alimentação ser política é preciso que o sistema agroalimentar se volte para formas de agropecuária sustentáveis, que não poluam as águas, o ar, o solo e os alimentos, que contribuam para o equilíbrio do clima e que respeitem a biodiversidade, a VIDA do meio ambiente. Essa é uma política VIDA sem a qual ninguém aqui terá VIDA.

Para alimentação ser um ato político, é preciso pensar na qualidade de vida e no direito dos animais numa ótica ecocêntrica. Se você ainda não consegue parar de comer carne, é preciso pensar em diminuir significativamente seu consumo. E se você não consegue, altruisticamente, pensar na VIDA dos animais ou no impacto dos frigoríficos sobre a produção de água e de grãos, o impacto das pastagens sobre as florestas e a produção de gases animais de efeito estufa sobre o desequilíbrio do clima, pense então na sua própria saúde, pois quem tem acesso a uma dieta hiperproteica, está sofrendo de doenças metabólicas, renais e reumáticas.

Para alimentação ser um ato político, ela deve promover VIDAS saudáveis: crianças sem autismo; homens e mulheres férteis e lúcidos; indivíduos sem Alzheimer, depressão e outros problemas neurológicos e dermatológicos, alergias e diversos tipos de tumores relacionados aos diferentes venenos da agropecuária convencional. É bom lembrar que não devemos nos preocupar apenas com agrotóxicos, cujos efeitos já conhecemos bem, mas também com drogas veterinárias, antibióticos e hormônios, fertilizantes e aditivos sintéticos, produtos da irradiação e sementes manipuladas e transgênicas. Alimentação/ política VIDA. Não morte.

Para alimentação ser um ato político, é essencial pensar na manutenção do patrimônio alimentar; na territorialidade dos hábitos alimentares e das práticas agrícolas. Pensar no sentido da cultura de promover alimentação saudável porque é a cultura a mais importante legitimadora desse deslizante conceito. Com base na cultura os povos pré-modernos tiveram dietas saudáveis apoiados na sazonalidade, na geografia, nos hábitos e práticas locais. Nós queremos óleo de oliva para o mediterrâneo, óleo de palma e coco para os trópicos, manteiga e banha para os locais frios. Dietas saudáveis e adequadas dialogam invariavelmente com o elemento cultural. Ao olhar para a comida sob as potentes lentes da cultura, é possível cultivar a tolerância alimentar e compreender que alguns grupos comem diferente de outros porque gostam, valorizam ou precisam de certos alimentos ajustados às suas necessidades mais profundas. Além disso, manter nossa própria cultura leva a diferentes formas de soberania. Um povo sem cultura, sem sentimento de pertencimento e sem orgulho, é mais fácil de manipular e de ser levado pelas ilusórias premissas do consumismo e de outras culturas.

Para alimentação ser um ato político, é preciso cuidar de quem mora no campo, mas também pensar em voltar para o meio rural e para as cidades pequenas. Mudar seu ritmo de vida, ser dono do seu tempo e rever seu conceito de produtividade e qualidade de vida. Tomar os campos de volta, cuidar das nascentes de águas e dos rios. Produzir água a partir das florestas, como fala o mestre da agroflorestal Ernest Götsch. Cuidar da própria qualidade de vida e da natureza que ainda resiste. Produzir e ensinar a produzir o próprio alimento. Se você não se encaixa nesse retorno, produza sua comida em hortas urbanas, nos parques, nos espaços urbanos de lazer, na janela do seu apartamento. O alimento é uma moeda forte. Soberania alimentar e independência significam muito em tempos de crise.

Mas se você não deseja plantar sua comida, lembre que o seu poder de compra de alimentos da agricultura familiar sustentável é também um poderoso ato político que pode levar ao equilíbrio dos preços desses alimentos e garantir o acesso a quem ainda não pode comprar alimentos orgânicos e ecológicos. Esse ato contribui para equilibrar a oferta e demanda dos circuitos curtos da agropecuária sustentável e a VIDA de quem produz comida, saúde, meio ambiente saudável e uma sociedade mais justa.

Para alimentação ser um ato político, quem tem o privilégio do acesso ao alimento precisa também fazer sua ação individual: parar de consumir alimentos industrializados e colocar produtos frescos à sua mesa; desembrulhar menos, abrir menos latas, garrafas plásticas e embalagens tetra pak e descascar mais, comprar mais produtos a granel e em vidros e menos produtos embalados em plástico, isopor, alumínio. Deve evitar produtos artificiais e comer mais vegetais. Deve preferir alimentos locais que caruncham, mofam, estragam, não duram muito tempo porque são VIVOS, como você. Longa VIDA, só com alimentos que morrem logo! Que duram pouco! O aumento de vida de prateleira é um apelo estratégico que só favorece a indústria alimentar.

Para fazer do comer um ato político, é importante dedicar tempo a esse ato e equacionar o que fazemos com o tempo livre. Tempo para ir a feira, além do supermercado; tempo pra ir na loja de produtos naturais e orgânicos e na cooperativa de agricultores familiares; dedicação para estimular a família a voltar para o fogão, para ensinar seus filhos a cozinhar e a apreciar a culinária e os rituais da mesa; tempo para passear com a família na feira e para fazer turismo rural; tempo para ensinar seus filhos a respeitar o agricultor e a natureza; para se encantar com uma árvore carregada de frutas e com um pé de manjericão; tempo para ensinar e conhecer de onde vêm as abóboras e as couves; tempo para lavar sua salada, descascar sua fruta; encantamento para apreciar o cheiro do pão e do bolo saindo do forno e tempo para comer juntos. Esse tempo vai reverter em aproximação e qualidade de vida, satisfação, saúde, socialização, segurança alimentar e nutricional… Não é tempo perdido. Claro que isso implica em mudanças profundas no nosso modo de vida urbano industrial, por isso devemos discutir Segurança Alimentar e Nutricional sob as premissas de novas práticas econômicas e estilos de vida.

Para alimentação ser um ato político, é preciso também rever nossas prioridades. Gastamos com planos de saúde, seguros de vida e de carro, com roupas e medicamentos e economizamos na comida e na feira. Gastar com comida de verdade é investimento no futuro, na segurança, na saúde e no meio ambiente. Isso não significa que essa comida de verdade deve ser cara e inacessível. Essa mudança é parte da nossa luta também. A maior segurança possível, nenhum seguro pode proporcionar: uma mente lúcida e equânime. Entretanto isso pode ser alcançado através de tempo livre para cultivar bons hábitos que resultem em um corpo saudável, satisfação pessoal, afetividade e tudo mais que contribua para um estilo de vida equilibrado.

Então, esse é um convite para você pensar que pode fazer política de outra forma: uma forma que não seja desanimadora e frustrante. Uma política VIDA emancipatória, impactante, pacifista, altruísta, ambientalista, comprometida, consciente, sem partido, na direção de um mundo melhor… Esse é um convite para que o nosso ato de comer possa reverter em um planeta saudável, em emprego no campo e na cidade, em inclusão social de quem produz comida e que merece nosso voto pelo garfo, através da compra em feiras orgânicas e agroecológicas, em cooperativas de consumidores e produtores orgânicos e agroecológicos, em restaurantes e lojas de produtos sem venenos.

Essa fala é um apelo para que não desanimemos e possamos considerar nosso imenso poder como ativistas alimentares e consumidores cidadãos. Para isso, é preciso agrupar-se com pessoas afins, formar e buscar iniciativas solidárias e colaborativas. Fortalecer-nos para agir na mesma direção.

Pense nos indianos derrubando o poder econômico da Inglaterra. No fenômeno borboleta que busca lembrar que pequenos eventos podem originar grandes consequências; não subestime a minha, a sua e a nossa capacidade de mudar quando nos imbuirmos realmente desse desejo. Juntos podemos mais!

Essa fala é um manifesto à ação. Uma índole política implica necessariamente em tomada de decisão. Não vamos paralisar; não vamos deixar de acreditar que a revolução pode começar no prato. Mas para isso acontecer temos que mudar também nossas premissas individuais e não esperar passivamente a mudança vir só de fora.

Voltando a Gandhi. Ele culpou os indianos pela ocupação da Índia. A razão? Ele dizia que 100.000 britânicos não podiam controlar 300 milhões de indianos a menos que eles fossem cúmplices da sua própria subjugação. Hoje nós somos controlados por instituições muito poderosas vinculadas aos sistemas agroalimentar e médico-farmacêutico hegemônicos; tão poderosos quanto o império britânico. Mas essas 10 ou 15 multinacionais não são 200 milhões de habitantes. Até que ponto não somos parcialmente cúmplices desse sistema comprando dele? Não desconheço nem desqualifico os empecilhos estruturais vinculados a esse sistema que fortalece essas instituições, mas onde esse apelo nos diz respeito, espero que isso não nos culpe, mas nos motive e nos mobilize. Não como indivíduos culpabilizados, mas como coletivos emancipados.

A primeira ação é resistir à apatia e à anestesia. Não tem sentido fugir da verdade. Ela continua sendo verdade e estará sempre à espreita. Compreender que a primeira Revolução nasce de nós / “somos nós” como falou o artista Joseph Beuys. E só a partir dela é que vamos mudar o mundo. Vamos ficar despertos, conscientes, atuantes, juntos, bem informados e fazer algo com esse conhecimento. Algo real! Não nos imobilizemos! A outra ação é resistir ao medo, citando a ativista Vandana Shiva que diz que o modo mais efetivo de resistir ao medo é não ter medo. É continuar tendo coragem. “Neste terreno do não medo, vamos cultivar nossa força comum e nossa solidariedade para estarmos juntos”. Essa ativista indiana fala em ter na mente e na consciência, o objetivo de “viver em paz com a Terra e com todos os seres vivos”. Essa deve ser a nossa maior força e nosso maior impulso.

“Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos” (Sabedoria das paredes de São Paulo)

Elaine de Azevedo Brasília, 29 de setembro de 2016.

 

3. Trabalho de Conclusão de Curso: Plano de marketing para o Empório e Padaria Casarão Orgânico .

O presente Trabalho de Curso tem como objetivo geral a elaboração de um plano de marketing para o Empório e Padaria Casarão Orgânico, considerando informações do ano de 2016 e visando o fortalecimento da empresa e que esta obtenha vantagem competitiva. A justificativa para a realização do estudo seguiu os critérios de importância, originalidade e viabilidade, em conjunto com o interesse do acadêmico de desenvolver um plano de marketing para a empresa, a qual pertence a sua família. Quanto à metodologia, o estudo se caracteriza como descritivo, compreendido como estudo de caso. Os instrumentos para coleta de dados primários foram a entrevista semi-estruturada, aplicação de questionários estruturados e a observação direta ou livre. O modelo escolhido para o a elaboração do plano de marketing foi adaptado do modelo de Ferrel e Hartline (2005) e tem como etapas: introdução e sumario executivo, análise da situação atual da empresa, análise SWOT, definição de objetivos e metas, implementação dos mesmos, e por fim avaliação e controle do plano.